Fazia dois dias que recebera a carta de Owen dizendo que a visitaria em Hogwarts. Elise não gostava nem um pouco disso. Visitas familiares nunca eram agradáveis, muito menos quando quem a visitava era Owen.
Ela tinha certa admiração, respeito e ódio nutridos pelo primo francês. “Porque diabos ele tem que vir falar pessoalmente comigo sobre isso?” “Não é nada que ninguém saiba...” “Maldição!”.

- Não seja tão cínico Owen! Todos nós sabemos o assunto que você veio tratar com Elise!
Era a voz de Joey ligeiramente alterada. Andando mais devagar e esticando a cabeça pôde ver que na curva do corredor conversavam Joey e Owen em um tom não tão cordial. ”Mas que raios eles pensam que estão fazendo?”. Resolveu interferir.
- Hey! Não sabia que viria tão cedo, Owen. – disse Elise cumprimentando-o.
- Como não sabia? Recebeu minha carta, não? – respondeu ele sorrindo da forma cínica que Joey odiava.
- Elise... – começou Joey, mas foi interrompido pela garota.
- Joey. Acredito que a Grifinória tem aula de Poções com a Sonserina agora, não? – Elise disso isso de forma firme, sem, entretanto, tirar os olhos de Owen. Joey, por conhecer muito bem a prima, retirou-se sem mais palavras, mas não sem antes fuzilar o outro como olhar.
- Livrado o incômodo... – começou Owen.




-~-~-~-~- dois dias antes -~-~-~-~-

Os corredores de Hogwarts estavam cada vez mais gelados e Elise encolhia-se e apertava os livros contra o peito de forma a aquecer-se pelos breves metros até a sala comunal da Corvinal.
Como suspeitava o local encontrava-se infestado de estudantes mortos de frio como ela. Abrindo caminho na multidão conseguiu finalmente entrar em seu dormitório. Havia duas meninas nele. Uma arrumava os pertences e a outra se encolhia em baixo das cobertas. Elise depositou os livros sobre a cama e acariciou a cabeça de Shootzie que dormia fazendo o máximo possível para entrar em baixo do travesseiro.

Foi quando olhou para o criado mudo e viu uma carta próxima ao seu livro de cabeceira.
Pegou-a e a examinou lentamente. O selo era da França. Apenas duas pessoas que poderiam escrever para ela moravam na França, mas estava inclinada a ter certeza que a carta era de Owen.
Abriu-a por fim e leu seu conteúdo. Até as palavras escritas dele lhe causavam um sentimento confuso. A carta era breve e tratava principalmente sobre a ida dele à Hogwarts dentro dos próximos dias.
Um sorriso triste passou pelos lábios de Elise. Ela sabia muito bem o assunto que o levava até lá...