Travessa do Tranco ~ In Memoriam
My Boredom...
sábado, 20 de dezembro de 2008 05:15 | 0 Comentários

Os passeios em Hogsmead estavam cada vez mais monótonos. Com Dezembro chegando, as lojas estavam cada vez mais cheias e insuportáveis. Pessoas consumistas agitando suas sacolas e enchendo-as de bugigangas que no próximo ano serviriam somente para juntar poeira no fundo do armário.
Jhonny Creevel caminhava absorto em seus pensamentos, desviando vez ou outra, de alguns grupinhos de alunos que se dirigiam ao três vassouras. O estabelecimento lotado parecia, ao corvinal, a visão do inferno consagrado.
Seria de uma chatice sem fim ter de se sentar ali, e sorrir para alguns outros alunos que viessem eventualmente se sentar na mesa dele.

O rapaz vagou pelas ruelas do povoado esperando encontrar um mísero lugar sossegado e discreto, onde ele pudesse descansar, e encontrou. O Pub, conhecido como Cabeça de Javali, era sossegado e discreto embora fosse mal-cheiroso e cheio de casas de aranha. Nas mesas, clientes esquisitos e mal-vestidos se escondiam debaixo de suas capas conforme o garoto passava.
No balcão, coberto de poeira, o garoto pediu:
-Um...Uísque de Fogo... Por favor.
Disse olhando para o cardápio acima de sua cabeça. O barman fito-o com uma cara nojenta e se debruçou no balcão.
-Você não é muito novo para esse tipo de coisa?
Jhonny colocou dez Sicles de bronze na mesa e falou.
- Um Uísque de Fogo por favor.
O barman colocou as moedas no bolso do avental e fez uma careta enquanto preparava a bebida. Alguns segundos depois a bebida laranja avermelhada estava pronta a frente do jovem, ele pegou-a, cheirou-a e deu seu primeiro gole. O liquido quente-frio desceu por sua garganta rasgando suas entranhas como se fosse uma lâmina bem afiada. A sineta da porta titilou, segundos depois alguém sentou próximo ao balcão bem ao lado do garoto que fingia estar tomando o liquido com bastante prazer afim de não ser notado ali. O cheiro do novo cliente se sobrepôs ao da bebida e deixou o ambiente um pouco mais gélido.
O garoto tremeu, num impulso, virou o braço tentando se livrar daquela terrível sensação, quando voltou a si, seu copo estava completamente vazio, a bebida agora escorregava como sangue, cobrindo o banco de madeira puída ao seu lado.
Uma jovem, bastante pálida para estar viva olhou para ele com uma expressão de quem se desviara no último segundo, mas na capa estavam grandes manchas da bebida. Se havia uma coisa que Jhonny sabia a respeito de bebidas alcoólicas era que elas deixavam manchas grandes e fedidas.

-Me desculpe! Gritou o garoto que corria atrás dela.

Anna parou por um instante olhou para trás como quem não quer nada.

-Ah é você!? Disse o Corvinal agora percebendo quem era a jovem. Ele e Anna foram obrigados a fazer um trabalho de porção juntos, e isso não alegrava a nenhum dos dois. Desculpa, foi meio... sem querer. Completou baixando os ombros.

Mas era tarde, Anna voltara a andar se afastando cada vez mais.

-Ei! Espera.. poxa,... foi só um acidente...
- Compreendo que tenha sido um acidente.
Falou Anna com a voz aveludada, mas em momento algum diminuí o ritmo frenético do passado. Jhonny continuou a andar tentando se aproximar da garota que sentara num banco e apertando os braços sobre o corpo voltou a ignorá-lo.-está frio... Tome...deve resolver! Jhonny desabotoava sua própria capa quando a garota fito-o novamente.
-Não precisa, falou ela tirando a capa. A palidez era tanta que se não fossem pelos cabelos negros ela se camuflaria perfeitamente na neve. Jhonny pode jurar que da última vez que vira os olhos da garota eles eram totalmente azuis, mas agora parecia ter uma tonalidade âmbar.
-Desculpe! Por favor! Não vou deixar você assim..foi minha culpa. Dizendo isso ele ergueu a capa nos braços. Eu insisto!
Anna olhou para ele e vestiu a capa manchada como se fosse a coisa mais normal do mundo. Totalmente sem jeito e tremendo de frio Jhonny vestiu a sua própria.
-Posso me sentar? Perguntou ele. Sem ouvir resposta alguma se sentou.
-Anna...posso te chamar assim?
-Me chame do jeito que bem entender.
Jhonny ignorou o comentário.
-então..posso ver...sua capa?
Anna com um revirar de olhos tirou a capa e entregou-a a Jhonny com uma séria expressão de descaso.
Jhonny segurou a capa por um momento. Pigarreou afim de chamar a atenção da garota e puxou a varinha.
-Tenta não botar fogo aí tudo bem?. Perguntou Anna Valerious. Sua voz agora era suave e calma.
-Vou tentar remover isso! Respondeu o garoto apontando para a mancha que agora atingia um tom de verde musgo.
Anna conhecia vários feitiços que ele nem sonhara, e foi divertido ver a pose que o garoto fez enquanto sacava a varinha.

Jhonny ergueu-a e sussurrou: FAIRESTO REVIRATIUM!!!
A mancha foi sugada pela ponta da varinha deixando o tecido novamente limpo e o brasão em cores vivas como se a capa estivesse nova.
Jhonny esperava pelo menos um obrigado mas a garota continuou calada, olhando para a capa.
-Teoria da Magia! Disse ele. Capitulo 15. “Encantamentos para remoção de...
Ele parou, estava claro, pela cara da garota, que aquele assunto não era do seu interesse.
-Desculpa é que sou... Péssimo com garotas!
Anna deixou escapar um risinho. Isso fez com que suas maças do seu rosto mudassem para um tom de rosa.
-Isso é notável.
-A certo obrigado.
Falou Jhonny com a cara emburrada enquanto guardava a varinha de novo.
-Ah!... é claro! Jhonny entregou a capa e sentou-se ao lado dela.
Um silêncio terrível se prolongou até que ele resolveu falar:
-Anna Abbott! Lufa-lufa. Disse apontando para uma quintanista que seguia com neve até os joelhos. Sempre se perde nesses passeios. Uma vez encontrei ela semi-estrangulada numa muda de visgo do diabo lá na orla da floresta...coitada!
Anna deu mais um risinho e olhou para o garoto que também ria, Anna não estava afim de conversar mas, por incrível que pareça aquele garoto lhe deixava confortável.

Os dois continuaram ali até o fim do passeio. Ora rindo...Ora calados.

COMENTÁRIOS SOBRE ESSA POSTAGEM:


Postar um comentário

Para fazer um comentário com Perfil aberto, selecione Nome/Url e prencha as duas colunas.