Travessa do Tranco ~ In Memoriam
Christian White
quinta-feira, 21 de agosto de 2008 08:10 | 0 Comentários

O espetáculo daquela noite estava belíssimo, o jogo de luzes, tudo feito com esmero e dedicação. A encenação de “A Rosa de Gelo” para a elite londrina corria de forma quieta e agradável. Não que o espetáculo fosse desta forma, na verdade era bem diferente, mas a encenação corria sem incidentes.

O enorme teatro ao estilo colonial estava abarrotado de gente, milionários, ricos, projetos de pessoas abastadas ou herdeiros de fortunas quaisquer. As cortinas de veludo se abriram anunciando o início do terceiro ato. A cena era fria e escura, e no meio, iluminada por um holofote, estava a protagonista da peça. Uma bailarina de 25 anos, os cabelos castanhos cuidadosamente organizados em cachos, olhos verdes claros e um vestido vermelho sangue com mangas negras. A voz clara e limpa fez com que a maioria dos espectadores delirassem de prazer.

Desde sua estréia a quase 16 anos, a peça havia sido um sucesso estrondoso, e para esta encenação, a bailarina principal havia sido escolhida entre outras 100 candidatas ao papel. Sentado em um dos vários camarotes, estava o escritor da peça, entediado, tentava-se manter acordado a qualquer custo. A montagem inicial era a única que lhe interessava, aquela moçoila no palco era linda e talentosa, mas nada tinha haver com a protagonista imaginada por ele.

Sentada em um camarote pouco acima do escritor, estava a moça havia encenado naquela peça na primeira vez em que fora montada. Tentou de todos os seus artífices para conseguir o papel principal, mas conseguiu um papel secundário que não era de todo ruim. Anna havia conseguido dispensa para que pudesse sair algumas noites da escola, supostamente teria de estar fazendo por satisfazer seus instintos naturais. Mas aquilo era importante, e para satisfazer minimamente a sede de sangue, uma garrafa de sangue animal resolviam o assunto.

A sonserina estava vestida com vestes de gala azul claro, no pescoço sua preciosa corrente e na bolsa a tiracolo o uniforme da escola e o distintivo de monitora que lhe daria um álibi se fosse pega perambulando pelos corredores da escola.

O escritor da peça quase cochilava no camarote de cima, e acordou quase caindo da poltrona com batidas na porta. Anna sentiu o rosto queimar violentamente enquanto ouvia o barulho da maçaneta. Dezessete anos haviam se passado e não mudava o jeito como ela se sentia quando estava perto dele.

Ele abriu a porta sonolento e esfregou os olhos quando viu quem estava parada ao outro lado. Anna sorriu timidamente e os cabelos negros anelados acompanharam graciosamente o movimento da cabeça. Agora ela não estava mais sobre a forma de uma adolescente de quinze anos, era agora uma mulher de 30 e poucos anos, estava da exata forma de como era quando ele a viu pela última vez.

Anna inventou alguma história que sem a menor das dúvidas não convenceu o escritor. Ela sentou-se na poltrona vaga ao lado dele. E fitou por uns momentos o quadro de reserva do camarote com os dizeres dourados.

Reservado para Christian Jacob White e possível honrada companhia

...
PS: Pessoal aqui está uma imagem extra feita pela a Anna para a fic! espero que gostem.


COMENTÁRIOS SOBRE ESSA POSTAGEM:


Postar um comentário

Para fazer um comentário com Perfil aberto, selecione Nome/Url e prencha as duas colunas.