Norris puxou o relógio do bolso e encarou os 12 planetas com a testa franzida. Eram exatamente seis horas. O que significava que Callister estava atrasada. O garoto percebera que era simplesmente impossível encontrar Leon caso o outro não quisesse ser encontrado e ele nunca queria ser encontrado. Como ultima alternativa, o quintanista recorrera ao único meio que conhecia que era viável. E era justamente por isso que esperava Callister às seis horas da noite em frente ao quadro que levava a cozinha. Viu quando a garota de cabelos arroxeados se aproximou e lhe sorriu discretamente. Ele não retribuiu o sorriso.
- Queria falar comigo, Norris?
- Não.- Disse ele num tom frio.- Quero falar com Leon. Diga a ele que acho que a idéia dele é ótima. Mas quero uma garantia de que ele irá cumprir a parte dele do acordo.
- Só isso?- Ela parecia ligeiramente decepcionada. - Você vai mesmo fazer isso pela sua grifinória? Idiota.
- Não. não farei apenas por causa dela.- Retrucou ele hesitando por alguns segundos. Quando ele continuou, sentia dificuldade para falar aquelas duas palavras. -Eu quero.
- Fingirei que acredito. Foi um prazer pegar esse recado para Leon com você, Nor. - E antes que ele pudesse pronunciar uma palavra, ela já tinha se afastado.


Leon nem se deu o trabalho de erguer os olhos quando a tapeçaria de Merwyin, o malicioso, foi afastado para o lado revelando a porta e alguém entrou por ela. A sonserina passou por todos os objetos sem lhe dar importância e não sorriu para o amigo como de costume. Ela não estava animada e ele estava ocupado. A poltrona que Leon sentava era forrada com o que parecia ser couro-de-dragão e a mesa era de mogno. Ele observava um pergaminho atentamente e o único sinal que se tinha do imenso desagrado dele pelo que estava escrito era seu olhar fixo em determinada parte da carta. Callister aproximou-se e deu-lhe um beijo na bochecha, em seguida parando atrás dele para ler a carta. Uma das coisas da qual a sonserina se orgulhava, era de que Leon não tinha segredos com ela.
- Geofrey acha que somos babás do neto de 15 anos dele?-indagou ela num tom calmo, não queria ser acusada de tirar o colega de seus pensamentos de forma brusca.
- Aparentemente.- Murmurou o corvino em reposto num tom de voz sereno.
- Não se preocupe, Leo. O garoto aceitou. Parece que seu plano funcionou. Pelo menos metade dele. Ele só quer uma prova segura de que não vamos machucar a Evans. O que é bem difícil de se arrumar.
- Na verdade, é a parte mais fácil do plano.
- É?
- Sim, é. Um voto perpetuo deve bastar.
- Assim não poderíamos mesmo fazer mal a ela, Leon.
- Eu não me importo com a insignificante da Evans nem um pouco. Viva, morta ou machucada... Pra mim não faz diferença nenhuma. - Retrucou ele em resposta sem erguer os olhos.
- Eu me impor... - Ela foi bruscamente interrompida pelo amigo que erguera a cabeça e mudara de assunto.
- Draco voltou a se exibir. Ele abriu uma de minhas cartas novamente. Se a Umbridge mandar os membros da Brigada Inquisitorial abrirem a minha correspondência mais uma vez...
- Deixe de ser insensível, Leon.- Foi tudo que saiu da boca da sonserina quando ela o interrompeu.
- Não comece, Callister!- Devolveu o corvino. Os olhos dele, normalmente claros, agora exibiam um tom escuro - a única coisa que indicava que ele estava irritado naquele momento.
- Quem raios se importa com suas malditas cartas?- Os olhos da garota se estreitaram e um dos vasos no aposento ganhou uma rachadura. Ela se afastou para a porta. Leon não pode perceber, mas ela tinha os olhos úmidos. Tudo que Callister queria era ficar sozinha. E ela conseguiria isso.
- "Prostitute che dà alla luce!" Calli, será que é tão difícil perceber o óbvio? Eu...- Ele ergueu os olhos do vaso que agora tinha a rachadura e procurou a sonserina com o olhar. Ela já havia deixado a sala.

PS: Nem queiram saber o que o Leon disse ali :x